Adriana Nunes quarta-feira, 9 de junho de 2010

MARACATU, FERRAMENTA DE ENSINO

Como dizem, educação a gente aprende desde pequeno. O que está sendo feito na periferia de São Paulo, um projeto que foi premiado por incentivar crianças a lutar contra o racismo.

"Certa vez uma garotinha de pele clara demonstrou surpresa por eu beijar a face de outra menina, de pele negra" é o que conta uma bibliotecária educadora Luciane que trabalha em uma ONG. Então acredita-se que desde ai já é uma oportunidade de acabar com a desigualdade entre os seres humanos. Deixando de ser uma coisa tão estrondosa.

Diante dessa visão Luciane (educadora)com seu recurso cultural e educacional e Gabriel (músico)com seu conhecimento musical e cultural, uniram forças para formar o projerto Maracatando. O nome é uma referência ao Maracatu. Juntos, eles contam histórias, cantam músicas típicas do maracatu, ensina a literatura e fazem teatro, segundo suas palavras, tudo isso para "desmistificar o racismo e o preconceito que acompanham nossa sociedade desde seus primórdios e fomentar a curiosidade em relação à leitura e ao conhecimento de nossa história". A intenção não era só que as crianças chegassem perto dessa cultura pouco comum, mas que também tivesse o interesse do conhecimento, sendo assim, foi usada da fantasia e imaginação onde é quase impossível resistir a magia da apresentação.

Em março, o MARACATANDO esteve entre os nove projetos vencedores do IX Prêmio Biblioteconomia Paulista Laura Russo. A premiação tem o intuito de reconhecer as bibliotecas e tudo que os rodeia pelo trabalho prestado a comunidade. E também serve como um insentivo. "Ganhar este prêmio foi algo mágico, porque consagra o trabalho do bibliotecário como educador social. Para mim, especialmente, foi um prêmio na vida", comemora Luciane.

Em 2010, o MARACATANDO já tem muitas apresentações marcadas, no entanto sem muitos recursos para tais, sendo assim, eles vão fazendo como pode em ONG's por onde passam."Eu chego ao lugar e converso com quem for preciso, ainda que seja alguém do movimento do tráfico, e peço licença para levar o meu trabalho" diz um dos organizadores.

Feito para atender cerca de 80 crianças na faixa de 7 a 12 anos, o Maracatando funcionou tão bem que atraiu, além delas, a atenção dos grupos de terceira idade frequentadores da ONG e alcançou, em 2009, um público estimado em 270 pessoas. Uma das principais características dessa iniciativa é não ser estática. Sendo assim, o projeto não se esgota nas apresentações e seu principal êxito tem sido fazer as crianças se interessarem pelos livros e buscarem, por iniciativa própria.

Outro ponto de identidade com o projeto foi a música. A primeira coisa que chama a atenção da garotada é a apresentação dos instrumentos, seus nomes africanos, a história de cada um deles e - lógico! - sua sonoridade.
Logo a meninada se tornava íntima da alfaia (espécie de tambor), da caixa, do gonguê, do agogô, do mineiro (também chamado ganzá) e do abê (chocalho).

Assim, por meio do conhecimento, aos poucos, começa-se a diluir o preconceito e o estigma dos quais se encontra cercada nossa herança cultural africana e passa-se a perceber sua importância.

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