Thaís Santos segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nesta semana conversei por e-mail com Henrique Barros, 31 anos, conhecido como Kapitão. Este integrante da Cia. Caracaxá é músico, arte-educador, pesquisador e militante da Cultura Popular Brasileira.

Em seu e-mail, Henrique esclareceu a diferença de grupos e Nações . Abaixo sua explicativa:

"Não acho correto dar o nome de 'Nação' a grupos que trabalham com as Artes (música, dança e personagens) do Maracatu, mas que não são tradicionais... costumo dizer que são grupos de Percussão ou de Dança ou até mesmo Grupos de Maracatu, mas não Nações. As Nações de Maracatu são os grupos tradicionais pernambucanos existentes a muitos anos, que fazem um trabaho com fundamento religioso, e uma série de trabalhos sociais dentro das suas comunidades além o artístico, considerado muitas vezes o trabalho 'profano' da Nação."


Maracatuque: Qual a sua relação com o Maracatu? O que te levou à ele tendo em vista que é uma manifestação cultural nordestina?

Henrique: Hoje digo que o Maracatu é praticamente tudo na minha vida. Vivo em contato com ele em praticamente todos os momentos de minha rotina. É algo que nem tenho como descrever em palavras.

Conheci a música do Maracatu em 1998, num Arrastão que a Cia de Artes do Baque Bolado fazia na Vila Madalena (SP). Em 1999 entrei para o Grupo Batuntã, e comecei a conhecer mais de perto oque era esse batuque que tanto mexia comigo.

Em 2000 fui a Recife e conheci o que realmente é um Maracatu. Vi ensaios e apresentações de várias Nações Tradicionais de Maracatu, e me encantei mais ainda.

M: Qual sua participação na Nação?

H:
No ano de 2002 fui a Recife e fiquei hospedado dentro a cede da Nação Porto Rico, convidado pelo Mestre de Batuque Chacon Viana, e desde então, faço parte desta Nação, participando de todos os Carnavais e prévias desses carnavais... sempre vou a Recife fico entre 2 ou 3 meses, para me integrar e me aproximar dessas pessoas que passam o ano inteiro defendendo essa bandeira da Cultura Tradicional Pernambucana.


M: A quanto tempo pertence a esta Nação?

H: Desde 2002. Praticamente a 9 anos.

M: Qual a rotina de vocês? Passam por algumas dificuldades, com relação as participações, ensaios e apresentações?

H:
Como disse acima, no meu modo de ver, Nação só existe em Pernambuco, e como vivo em São Paulo não tenho contato diário com minha Nação (Porto Rico), mesmo falando semanalmente com todos de lá.

Sei que eles tem muitas dificuldades, e que tem pouca ajuda da Prefeitura e Governo para manter suas tradições.

Tenho 2 grupos aqui em São Paulo, e cada um tem uma dificuldade com relação as apresentações, ensaios e participação dos integrantes.

M: Como são realizadas as apresentações?

H: Cada apresentação tem um caráter diferente. Algumas com Cachê, contrato e boas condições estruturais para tal apresentação, e outras não fazemos em condições adequadas ou ideais. Fazemos apresentações sem Cachê, com caráter Social, dentro de favelas e comunidades carentes.

M: Você considera o Maracatu uma tribo?

H: Não acho que o termo 'Tribo' seja o mais adequado para descrever o que é o Maracatu. Há diferentes formas de descrever o que seja o Maracatu. Acho que o termo Nação é o mais adequeado e o mais usado.


M: Existe uma filosofia? Possui uma identificação?

H: Não é exatamente uma filosofia, mas uma forma de pensar o Maracatu. Um pensamento comum entre os que conhecem a realidade dessas Nações, e querem preservá-las.

M: O que é preciso para fazer parte da Nação?

H: Uma Nação Tradicional Pernambucana é aberta e tem livre acesso aos interessados, mas deve-se chegar 'pisando devagarinho', pois para os seus integrantes a 'Nação' é algo muito importante, que carrega um sentido muito profundo. Há de se ter muito respeito com a sua Nação.

1 comentários:

Helena disse...

Fiquei bastante interessada em assistir uma apresentação de Maracatu a partir da entrevista do Henrique. Minha impressão é que o Maracatu pode trazer mais cor e movimento a vida das pessoas.

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