Maracatu sexta-feira, 11 de junho de 2010

Maracatuque: O que seria o Maracatu de Nação?
Gledson Lima: Em São Paulo não existe Maracatu Nação, em São Paulo existe apenas os Grupos. A Nação possui todos os itens da corte do Maracatu, principalmente o religioso, é legitimamente pernambucana e para existir tem que ter um período, seu orixá, a calunga (boneca que representa o cortejo das nações), tem um ritual para sair no carnaval de Recife. Em São Paulo temos muito carinho e respeito por essas nações.
Temos uma rainha no evento que foi a ultima rainha a ser coroada pela igreja católica, a dona Elda rainha do Maracatu Porto Rico, é meio que uma agente social do bairro onde vive, um ícone máximo para eles.
O Maracatu é parte do Candomblé, mas é brasileiro não existe nada assim no mundo, mas claro que partiu dos batuques do candomblé

M: Qual a estrutura dos grupos?
G: Nos baseamos na musica, tem grupo que tem a corte chamado Ile Ala que se apresenta no Jabaquara, tem o rei e a rainha mirim também, nossa estrutura é a percussão que a primeira coisa que se vê em um grupo depois vemos a dança que é natural. Todos os grupos possuem um mesmo ritmo e Cada Nação possui um toque diferente dentro de um “caldeirão”. Abre um leque de opções, em Recife possui aquela base com Tum, Tum, Tum..., outro tic, Tum, Tum (sic), só que a percussão agente reproduz, os grupos daqui buscam uma mesma tonalidade, porque se você tocar essa marcação todos sabem que é maracatu.

M: Você acha que o maracatu é uma Tribo?
G: Infelizmente é considerado só que não é nossa intenção, possuímos um projeto que é o Calo na Mão e lá se enxerga isso. Conheço o Maracatu a 13 anos Estou no bloco a nove anos quase dez, para nós é um estilo de vida, agente entende como que é lá que é feito na favela e agente faz aqui na Vila Madalena, lá ele não ensaia o ano inteiro, porque o coro não tem trinta reais para tocar, agora aqui o cara pega o tambor dele sai feliz da vida e toca Maracatu, cria um status para muita gente cerca de 60 % das pessoas que freqüenta.

M: Muita gente entra por modismo?
G: Tem, sim com certeza. Esta é até uma critica minha, agente entende mas assim o que o Maracatu é para mim e para a maioria das pessoas é algo muito além, não é porque quer tocar melhor eu quero fazer porque e uma cultura que está dentro de nós.

M: Por suas características?
G: Isso, até porque, sou musico, produtor e essa musicalidade é muito importante a história dos antepassados.

M: Como você passa isso para as pessoas?
G: É uma cultura oral, não é aquela que tem em um livro pra você aprender, não tem uma partitura, ai você toca e tem todo o contato, ai agente explica como funciona, como eles fazem lá em Pernambuco. É tribo infelizmente formou, mas se você pega nu não são tribos.

M: Precisa ter uma contribuição para participar?
G: Na verdade, vai de grupo pra grupo, assim precisamos de dinheiro para comprar tambor ai fazemos nossas arrecadações. No bloco de Pedra é diferente, é um projeto, daí nós buscamos patrocínio e o dinheiro é todo voltado a isso.

M: Você pode nos explicar sobre esse projeto, as oficinas?
G: O projeto começou em 2001, era só percussão mesmo coisa básica mesmo, daí entrou o Vinicius que já tinha contato com o Maracatu, daí ele escreveu um projeto que é o Calo na Mão e entregou pra Petrobras que nos patrocinou por dois anos. A partir disso com o aprendendo a construir tivemos a ajuda de Daniel Riverendo, que ensinou agente a construir os tambores. Ele passou assim com carinho que você vai construir o instrumento que você vai tocar, que é como você comer do bolo que você fez, sentir a energia daquilo. Aí o projeto começou a cresce, crescer, crescer e sentimos a necessidade de dividir muitas coisas, então assim das 10:00 às 13:00 oficina de produção, das 14:00 às 15:00 introdução ao Maracatu, ou seja você passou um tempo construindo o seu tambor agora vai aprender a toca, é assim pegar na mão mesmo e aprender a tocar.

M: Qualquer pessoa que chega lá pode participar?
G: É completamente democrático, na verdade agente tem uma musica que fala assim: “lá em casa eu deixo a porta sempre aberta pra chegar, com humildade e respeito e coragem pra ficar”. É respeitar onde você está, não vai sujar e coragem porque é um negócio cansativo. Chega lá pega um tambor aprende a tocar, gostou então fica quem tem humildade, respeito e coragem.

M: Qual a importância desse movimento como você o entende?
G: Para mim é muito importante, pois busca valores que estão muito perdidos, cultura. É muito normal você ver pessoas assim tem alguém de branco com tambor é macumbeiro, então assim já tem aquela coisa do “macumbeiro” do “preto”. Então essa cultura toda a nossa organização, todo o figurino, toda a estrutura que agente cria, toda oportunidade que damos para as pessoas, agente tira pessoas das ruas para tocar maracatu, aquela coisa da humildade mesmo, do respeito tudo isso está muito perdido hoje em dia.

M: Sua visão é positiva para a difusão em São Paulo, ou ficará restrito para alguns?
G: É sim, positivo, então o maracatu está aí, e a pessoa que ligar para isso pode encontrar, na zona norte, oeste, leste, sul, Santos, Rio Grande do Sul, Curutiba, BH, então você tem ali e é todo mundo muito tranqüilo.

M: O maracatu tem uma filosofia, qual a essência?
G: É muito de cada um, o que agente busca é agregar valores mais simples possíveis, carinho no que você faz, saber que essa cultura ela vem de nossos antepassados. É algo alem para descrever com palavras, só por você viver, tocar, tudo em prol do bom andamento dessa cultura, dessa energia principalmente. Por mais que eu fale nós não trabalhamos a religião, não tem como falar que ouvindo isso não dá uma coisa assim, uma tremedeira, é 8 ou 800 ou você ama ou você odeia. A filosofia é tocar.

Thaís Santos

É comum a associação entre Maracatu e Chico Science. Afinal, ele foi o responsável pela popularização do ritmo quando realizou a inusitada mistura do Maracatu com coco, punk rock e música eletrônica no início dos anos 90. Juntamente com seu amigo Fred 04 (vocalista da banda Mundo Livre S/A), Science batizou o ritmo de Mangue.
Em 1992 Fred escreveu Caranguejos sem cérebro que, inicialmente, seria apenas uma parceria entre Mundo Livre S/A e Chico Science & Nação Zumbi. A mídia, no entanto, elevou a coletânea ao status de Manifesto e a cena Mangue passou a ser conhecida como Movimento Manguebeat.


Abaixo, um trecho do documentário realizado pela BBC: Brasil, Brasil- A Tale of four Cities que mostra um pouco da história do Maracatu e do Manguebeat em Pernambuco, a importância de Chico Science e da Nação Zumbi para a música brasileira e como eles influenciaram novos artistas.




Para conhecer mais sobre este artista acesse o site do Memorial Chico Science criado pela Prefeitura de Recife :http://http//www.recife.pe.gov.br/chicoscience/index.php. O site oferece informações como biografia, discografia e material multimídia.

Maracatu

Cia Caracaxá – Maracatu de Baque Virado
Caracaxá segundo Elisabet Gonçalves Moreira (Membro da Comissão Pernambucana de Folclore), é um tipo de instrumento Indígena que possui um som parecido com um chocalho.
Grupo constituído desde o final de 2003, sua história reflete em sua memória.

O Início:
Bruno Prado, um dos integrantes fundadores do grupo foi convidado por Gilberto Dimenstein (Jornalista), no fim de 2003, para fazer uma apresentação de Maracatu de Baque Virado no “beco do Aprendiz”. Na oportunidade um grupo composto por 12 batuqueiros foi montado para realizar a apresentação.
O resultado foi que as pessoas que participaram desse time decidiram montar um grupo que trabalhasse exclusivamente com a linguagem do Maracatu de Baque Virado. Até o início de 2004 muitas reuniões foram realizadas, onde discutiam por exemplo, ideal da atividade, cores do grupo, figurino, nome do grupo entre outros.
O ideal inicial, compartilhado por grande parte de seus integrantes, era o de montar uma Companhia (Cia). A idéia de Cia está em conformidade com um ideal de que o trabalho que realizariam não seria meramente musical, mas sim de maneira aberta e orgânica.
Mas é importante ressaltar que as atividades realizadas pelo grupo não são exatamente iguais às atividades realizadas por uma Nação de Maracatu.
O Meio:
Passado esse momento, o grupo passou a se firmar no cenário musical paulista e sendo reconhecido até mesmo em outras cidades brasileiras. A cor escolhida foi o verde e branco e todos os instrumentos do grupo foram pintados dessas cores.
O grupo passou a ter problemas devido a questões pessoais e disponibilidade de tempo de seus próprios integrantes.
No ano de 2006 alguns dos integrantes que tinham um interesse maior em que atividade continuasse decidiram realizar ensaios abertos na Cidade Universitária (Universidade de São Paulo).
Os integrantes da Cia poderiam chamar pessoas de fora para participarem dos ensaios. A Cia. Caracaxá continuaria sendo um grupo fechado, mas abrindo os seus ensaios para o resto da sociedade.
A praça do relógio (Cidade Universitária) se tornou o palco para os ensaios do grupo e qualquer pessoa estava apta a participar da atividade.
No início de 2007, um debate entre os integrantes do grupo decide que a Cia Caracaxá seria um grupo aberto e que teria em sua proposta de trabalho o espelho no trabalho desenvolvido pelas nações de Maracatu de baque virado de Recife.
O fim:
Atualmente, ensaia todas as quintas-feiras, das 20:00 às 22:00, em espaço cedido em parceria com Cepe-USP, Prefeitura do Campus e Universidade de São Paulo, na Raia da cidade Universitária.

Disponível na integra em: http://ciacaracaxa.maracatu.org.br/historia-do-grupo/nossa-historia/ - Texto Elaborado por: Pedro de Cillo Rodrigues, integrante da Cia. Caracaxá!

Maracatu Bloco de Pedra
O Maracatu Bloco de Pedra é composto pelos frequentadores das oficinas oferecidas pelo Projeto Calo na Mão, na Escola Estadual Profº António Alves Cruz, onde trabalhamos especificamente com a cultura do Maracatu de Baque Virado, estudando a dança, as toadas e os baques das Nações Pernambucanas.
Os ensaios são abertos e acontecem todos os Sábados, a partir das 15:00h, porém seus integrantes estão lá desde as 10h da manhã, trabalhando na construção e manutenção dos instrumentos utilizados.
Dessa forma atuamos na formação de multiplicadores da cultura do nosso país, oferecendo uma outra possibilidade de encontro, todos os fins de semana, para pessoas de todas as regiões da cidade, promovendo o aprendizado da prática e da história do Maracatu de Baque Virado, revelando a influência das culturas africanas e ameríndias na formação dos contordos do que chamamos de Brasil.

Disponível em: http://blocodepedra.wordpress.com/

Grupo Ilê Aláfia
O grupo foi criado em 1999, como parte do projeto de extensão cultural do CDC Leide das Neves, da ACM São Paulo. Formado por crianças, adolescentes, terceira idade e famílias, o Maracatu resgata e valoriza a cultura afro-brasileira por meio de manifestações populares.
Sem distinção de raça e cor, o grupo de Maracatu Ilê Aláfia surgiu na ACM São Paulo em 1999 com o intuito de resgatar as raízes afro-brasileiras. O projeto faz parte do Programa Núcleo Sócio Educativo Leide das Neves, conhecido como Casa Aberta, que, por meio de manifestações da cultura popular brasileira, proporciona à população inclusão social, conhecimento e informação.
O grupo, formado inicialmente por crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, conquistou os moradores e freqüentadores da instituição, no bairro do Jabaquara, em São Paulo, com o balanço da música e da dança afro-brasileira. E hoje, o Ilê Aláfia, que em yorubá significa "Casa da Felicidade", está aberto para a comunidade e é freqüentado por ex-usuários do programa, famílias, voluntários, moradores da região e demais interessados envolvidos com a cultura popular brasileira. "O programa já abriu portas para o mercado a alguns integrantes e hoje, cinco jovens desenvolvem trabalhos remunerados, realizando oficinas de percussão de ritmos brasileiros", afirma Maria da Conceição, educadora da ACM e responsável pela oficina de danças populares brasileiras e coordenadora do Grupo de Maracatu.
O grupo se reúne quinzenalmente aos sábados, no período da tarde para realizar ensaios. São 74 integrantes, distribuídos por alas que estão divididas em corte real, caboclinhos, baianas e percussão jovem e mirim. A cada dois anos é realizada a Troca de Coroas da Corte do Maracatu, festa em que o grupo elege o Rei, a Rainha e a Dama do Paço. Todo evento conta com apoio da comunidade que participa desde a fase de pesquisas até a confecção de adereços e instrumentos como alfaias, caixa e agbês.

Disponível em: http://www.maracatuilealafia.com.br

Adriana Nunes quarta-feira, 9 de junho de 2010

MARACATU, FERRAMENTA DE ENSINO

Como dizem, educação a gente aprende desde pequeno. O que está sendo feito na periferia de São Paulo, um projeto que foi premiado por incentivar crianças a lutar contra o racismo.

"Certa vez uma garotinha de pele clara demonstrou surpresa por eu beijar a face de outra menina, de pele negra" é o que conta uma bibliotecária educadora Luciane que trabalha em uma ONG. Então acredita-se que desde ai já é uma oportunidade de acabar com a desigualdade entre os seres humanos. Deixando de ser uma coisa tão estrondosa.

Diante dessa visão Luciane (educadora)com seu recurso cultural e educacional e Gabriel (músico)com seu conhecimento musical e cultural, uniram forças para formar o projerto Maracatando. O nome é uma referência ao Maracatu. Juntos, eles contam histórias, cantam músicas típicas do maracatu, ensina a literatura e fazem teatro, segundo suas palavras, tudo isso para "desmistificar o racismo e o preconceito que acompanham nossa sociedade desde seus primórdios e fomentar a curiosidade em relação à leitura e ao conhecimento de nossa história". A intenção não era só que as crianças chegassem perto dessa cultura pouco comum, mas que também tivesse o interesse do conhecimento, sendo assim, foi usada da fantasia e imaginação onde é quase impossível resistir a magia da apresentação.

Em março, o MARACATANDO esteve entre os nove projetos vencedores do IX Prêmio Biblioteconomia Paulista Laura Russo. A premiação tem o intuito de reconhecer as bibliotecas e tudo que os rodeia pelo trabalho prestado a comunidade. E também serve como um insentivo. "Ganhar este prêmio foi algo mágico, porque consagra o trabalho do bibliotecário como educador social. Para mim, especialmente, foi um prêmio na vida", comemora Luciane.

Em 2010, o MARACATANDO já tem muitas apresentações marcadas, no entanto sem muitos recursos para tais, sendo assim, eles vão fazendo como pode em ONG's por onde passam."Eu chego ao lugar e converso com quem for preciso, ainda que seja alguém do movimento do tráfico, e peço licença para levar o meu trabalho" diz um dos organizadores.

Feito para atender cerca de 80 crianças na faixa de 7 a 12 anos, o Maracatando funcionou tão bem que atraiu, além delas, a atenção dos grupos de terceira idade frequentadores da ONG e alcançou, em 2009, um público estimado em 270 pessoas. Uma das principais características dessa iniciativa é não ser estática. Sendo assim, o projeto não se esgota nas apresentações e seu principal êxito tem sido fazer as crianças se interessarem pelos livros e buscarem, por iniciativa própria.

Outro ponto de identidade com o projeto foi a música. A primeira coisa que chama a atenção da garotada é a apresentação dos instrumentos, seus nomes africanos, a história de cada um deles e - lógico! - sua sonoridade.
Logo a meninada se tornava íntima da alfaia (espécie de tambor), da caixa, do gonguê, do agogô, do mineiro (também chamado ganzá) e do abê (chocalho).

Assim, por meio do conhecimento, aos poucos, começa-se a diluir o preconceito e o estigma dos quais se encontra cercada nossa herança cultural africana e passa-se a perceber sua importância.

Thaís Santos segunda-feira, 7 de junho de 2010

Nesta semana conversei por e-mail com Henrique Barros, 31 anos, conhecido como Kapitão. Este integrante da Cia. Caracaxá é músico, arte-educador, pesquisador e militante da Cultura Popular Brasileira.

Em seu e-mail, Henrique esclareceu a diferença de grupos e Nações . Abaixo sua explicativa:

"Não acho correto dar o nome de 'Nação' a grupos que trabalham com as Artes (música, dança e personagens) do Maracatu, mas que não são tradicionais... costumo dizer que são grupos de Percussão ou de Dança ou até mesmo Grupos de Maracatu, mas não Nações. As Nações de Maracatu são os grupos tradicionais pernambucanos existentes a muitos anos, que fazem um trabaho com fundamento religioso, e uma série de trabalhos sociais dentro das suas comunidades além o artístico, considerado muitas vezes o trabalho 'profano' da Nação."


Maracatuque: Qual a sua relação com o Maracatu? O que te levou à ele tendo em vista que é uma manifestação cultural nordestina?

Henrique: Hoje digo que o Maracatu é praticamente tudo na minha vida. Vivo em contato com ele em praticamente todos os momentos de minha rotina. É algo que nem tenho como descrever em palavras.

Conheci a música do Maracatu em 1998, num Arrastão que a Cia de Artes do Baque Bolado fazia na Vila Madalena (SP). Em 1999 entrei para o Grupo Batuntã, e comecei a conhecer mais de perto oque era esse batuque que tanto mexia comigo.

Em 2000 fui a Recife e conheci o que realmente é um Maracatu. Vi ensaios e apresentações de várias Nações Tradicionais de Maracatu, e me encantei mais ainda.

M: Qual sua participação na Nação?

H:
No ano de 2002 fui a Recife e fiquei hospedado dentro a cede da Nação Porto Rico, convidado pelo Mestre de Batuque Chacon Viana, e desde então, faço parte desta Nação, participando de todos os Carnavais e prévias desses carnavais... sempre vou a Recife fico entre 2 ou 3 meses, para me integrar e me aproximar dessas pessoas que passam o ano inteiro defendendo essa bandeira da Cultura Tradicional Pernambucana.


M: A quanto tempo pertence a esta Nação?

H: Desde 2002. Praticamente a 9 anos.

M: Qual a rotina de vocês? Passam por algumas dificuldades, com relação as participações, ensaios e apresentações?

H:
Como disse acima, no meu modo de ver, Nação só existe em Pernambuco, e como vivo em São Paulo não tenho contato diário com minha Nação (Porto Rico), mesmo falando semanalmente com todos de lá.

Sei que eles tem muitas dificuldades, e que tem pouca ajuda da Prefeitura e Governo para manter suas tradições.

Tenho 2 grupos aqui em São Paulo, e cada um tem uma dificuldade com relação as apresentações, ensaios e participação dos integrantes.

M: Como são realizadas as apresentações?

H: Cada apresentação tem um caráter diferente. Algumas com Cachê, contrato e boas condições estruturais para tal apresentação, e outras não fazemos em condições adequadas ou ideais. Fazemos apresentações sem Cachê, com caráter Social, dentro de favelas e comunidades carentes.

M: Você considera o Maracatu uma tribo?

H: Não acho que o termo 'Tribo' seja o mais adequado para descrever o que é o Maracatu. Há diferentes formas de descrever o que seja o Maracatu. Acho que o termo Nação é o mais adequeado e o mais usado.


M: Existe uma filosofia? Possui uma identificação?

H: Não é exatamente uma filosofia, mas uma forma de pensar o Maracatu. Um pensamento comum entre os que conhecem a realidade dessas Nações, e querem preservá-las.

M: O que é preciso para fazer parte da Nação?

H: Uma Nação Tradicional Pernambucana é aberta e tem livre acesso aos interessados, mas deve-se chegar 'pisando devagarinho', pois para os seus integrantes a 'Nação' é algo muito importante, que carrega um sentido muito profundo. Há de se ter muito respeito com a sua Nação.